domingo, 22 de novembro de 2009

ORIENTAÇÃO ADEQUADA

"O modelo ideal de educação sexual não deve ser rígido, estagnado, direcionado e/ou autoritário. Deve, sim, respeitar as etapas de desenvolvimento do ser humano, entendendo o sexo como algo inerente a este processo e contribuir para a construção de uma vida sexual saudável e sem "vítimas". "

RESENHA CRÍTICA

Modelos de Educação Sexual

A sexualidade tornou-se um assunto comum e bastante discutido hoje em dia. Diferente do que ocorria há alguns anos atrás, conversar sobre o tema não é mais motivo de repressão. Vivemos em meio a uma sociedade repleta de posturas, concepções e modelos acerca do assunto. Com base nas informações fornecidas pelos sites: http://www.museudosexo.com.br/, http://www.portaldasexualidade.com.br/ e pelo material do Instituto de Ciências Sexológicas e Orientação Familiar (ISOF) pretendemos abordar o assunto de forma concisa dando enfoque nos modelos de educação sexual existentes.
O termo “sexualidade”, para a maioria das pessoas, remete exclusivamente à relação sexual e reprodução. Porém, a sexualidade não se limita ao ato sexual. Trata-se de algo bem mais amplo. Abrange a identidade sexual (masculina e feminina), auto-estima, alterações físicas e psicológicas, higiene sexual, gravidez, transtornos sexuais, entre outros. A relação direta que as pessoas fazem entre sexualidade e coito pode ser explicada pelo fato dessa ter sido uma visão que vigorou no Ocidente até o final do século XIX. A idéia continua forte e predominante na concepção das pessoas.
A cultura ocidental desenvolveu modelos de educação sexual baseados em diferentes concepções da sexualidade que foram se modificando com o passar dos anos. A concepção tradicional clássica enxerga na sexualidade um objetivo único: reprodução. Seu modelo de educação sexual fundamenta-se em bases ideológicas morais e religiosas. A concepção técnico-intuitiva é uma fase evolutiva da concepção anterior. Entende que a sexualidade é concebida como uma função bio-fisiológica e atribui-se ao especialista (geralmente o médico) a realização de conferências informativas técnicas, particularmente do tipo anatômico-fisiológico. A concepção psicológica fundamenta-se no racionalismo científico e tem como base os estudos psicanalíticos. A importância da sexualidade é reconhecida em parte. Aos pais é atribuída a educação sexual de seus filhos. A concepção contestária é marcada pela luta para que novos esquemas substituíssem os antigos. Nela a educação sexual é desenvolvida desde o nascimento. Na concepção consumista há um forte apelo sexual e uma supervalorização do orgasmo como centro único da sexualidade humana. Nessa concepção não existe um modelo de educação sexual, apenas um processo informal de educação sexual. E por último, a concepção relacional que tem como base teórica a sexologia, enquanto ciência humana que estuda o fato sexual. Compreende que a educação sexual, se não a única, é a principal forma de possibilitar uma mudança de atitudes: da proibição e permissividade para aquela desejável de cultivo.
Diante de tantos modelos e teorias sobre a forma como a sexualidade deve ser tratada fica o questionamento: Qual o modelo mais adequado? Qual concepção aborda de forma satisfatória as necessidades do ser humano no que diz respeito ao desenvolvimento de sua sexualidade? Acreditamos que a melhor forma de orientação sobre o assunto é o uso de uma linguagem apropriada para cada fase do desenvolvimento humano levando em consideração as mudanças e curiosidades pertencentes a cada estágio da vida.

Referências
NETTO, J. M. F. Programa de Formação de Especialistas em Educação Sexual. Instituto de Ciências Sexológicas e Orientação Familiar, Brasília.2006
http://www.portaldasexualidade.com.br/. Acessado em 23/11/2009.
http://www.museudosexo.com.br/. Acessado em 23/11/2009.

HISTÓRIA EM QUADRINHOS


"Vale retomar, então, que a punição e a repressão severas são prejudiciais e devem ser substituídas por conversas francas e por atitudes que busquem desviar a atenção da criança para outros estímulos e atividades, de forma a não comprometer o desenvolvimento e a criatividade infantil. "
Fonte: http://www.portaldasexualidade.com.br/

CHARGE


"Respeitando a idade e a capacidade de compreensão da criança, o ideal é que - numa linguagem simples, objetiva e clara - os pais falem exatamente "o que" acontece e "como" acontece, procurando responder somente aquilo que a criança perguntou e não antecipando informações desnecessárias no momento. "

VÍDEO

Depoimento: D., Estudante de Psicologia.

sábado, 21 de novembro de 2009

ENTREVISTA

Entrevista feita com uma servidora pública:
G. S. P, de 40 anos de idade.


1. O que é para você Educação Sexual?
É uma educação que não só aborda questões relacionadas a sexo e sim uma educação integral que envolve vários aspectos como: valores, comportamentos, livres de pré-conceitos e tabus.

2. Como foi a Educação Sexual que você recebeu?
Eu não recebi Educação Sexual nem pela minha família, nem pela escola.

3. Você acredita que é importante dar Educação Sexual aos filhos?
Com certeza é muito importante.

4. Quem deve realizar a Educação Sexual?
Os pais são os grandes responsáveis por essa educação e a escola precisa reforçar.

5. Você gostaria que, no seu momento, tivessem lhe dado informações claras sobre assuntos que você tinha interesse e/oi curiosidade? Por quê?
Sim, porque poderia teria oportunidade de vivenciar a minha sexualidade de uma forma saudável.

6. Quais as mensagens, frases, conselhos, que você recebeu na sua infância, adolescência, juventude em relação à sua sexualidade?
Primeiro que as questões eram discutidas de uma forma muito às escondidas e sem nenhuma clareza.

7. Em que idade, você acha que deveria se iniciar a Educação Sexual?
Desde o nascimento.

8. Você acha difícil falar sobre sexo com: pais, filhos, amigos, crianças, colegas, conhecidos, entre outros?
Não.

9. Qual foi o primeiro tema sexual que despertou seu interesse?
O que significava orgasmo.

10. Como você vê o que está acontecendo na sociedade brasileira, nos últimos anos com relação ao fenômeno sexual? Passou de um extremo a outro e muitas vezes as questões sexuais são confundidas com pornografia.
Oi galerinha, que está nos acompanhando nessa busca por conhecimento.
Desde o ínico desse trabalho estamos coletando e postando aqui algumas informações sobre o tema "Sexualidade Saudável".
Agora, na reta final, iremos postar apenas nossas próprias construções, feitas a partir dos dados coletados. Serão cinco tipos de texto: entrevista, vídeo, charge, história em quadrinho e resenha.
Esperamos que tenham ampliado seus conhecimentos e gostem dos trabalhos que serão apresentados.

Um abraço,

Grupo Sexualidade Saudável.

RESUMINDO...


Educação Sexual

Definição:
Processo que possibilita a plena formação do sujeito (ser sexual)
Processo de socialização.

Tipos de Educação Sexual

Repressivo (tradicional):
Palavra-chave: Proibição
Certo X Errado
Moralização Religiosa
Vincula a sexualidade à reprodução.

Permissivo
Palavra – chave: Prazer (sexual)
Tudo pode (não conscientização)
Reduz a sexualidade ao prazer sexual.

Relacional
Palavra – chave: Comunicação
Personaliza e humaniza a sexualidade humana
Valoriza o diálogo

Qual a importância em se falar sobre educação sexual?
Promover o exercício da sexualidade saudável leva o ser humano a valorizar o prazer, ao respeito mútuo, a elevada auto-estima.

CONCEPÇÕES DA SEXUALIDADE HUMANA E RESPECTIVOS MODELOS DE EDUCAÇÃO SEXUAL

Falar em Sexualidade Humana, de um modo geral, e em Educação Sexual de um modo particular, significa defrontar-se com uma variedade de modelos e concepções; discursos, posturas ideológicas, filosofias e valores e vocabulários de usos comuns e significados diferentes.
Tais variedades prejudicam, dificultam e até mesmo impedem a elaboração e aplicação de um Modelo de Educação Sexual, não só em função do nível de condição histórica de conotação negativa e pejorativa que envolve a Sexualidade Humana, como pela ausência de um marco teórico sistematizado e carência de um referencial lingüístico coerente e adequado.


CONCEPÇÕES TRADICIONAIS

TRADICIONAL CLÁSSICO
Esta concepção vigorou por séculos na história ocidental. Fundamentou-se em bases ideológicas morais, religiosas e apoiou-se em conhecimentos pré-científicos. Em função da sua força na formação e desenvolvimento da nossa cultura, ainda se constata resquícios de sua presença na sociedade atual.
Considera a Sexualidade com um aspecto pouco importante da existência humana, reduzida à reprodução.
Fundamenta-se na concepção dualista e maniqueísta da pessoa humana: ser formado por alma (bem) e o corpo (mal).
A Sexualidade está envolvida por características peculiares, mágicas, transcendentais, o que lhe confere um ar misterioso e perigoso.
Principais características:
- Negação da existência do indivíduo como ser sexuado
- Manutenção de um código moral duplo (homem/mulher)
- Mulher assexuada
- Negação do prazer
- Considera a sexualidade como instinto perigoso, ameaçados, busca-se reprimi-la como forma de defesa contra impulsos sexuais.

MODELO DE EDUCAÇÃO SEXUAL
Para aqueles que admitem algum tipo de Educação Sexual segundo esta concepção, esta teria as seguintes características:
- Deve ser ação restrita à família e/ou estabelecida pela orientação de conselheiros espirituais.
- O fundamento é exclusivamente religioso e moral, tendo como tema único a reprodução humana, sendo introduzido por informações sobre reprodução vegetal e animal.
- Deve ser realizada um pouco antes da puberdade.


TÉCNICO-INTUITIVO E/OU SANITÁRIO
Constitui-se numa fase evolutiva da concepção anterior. A base fundamental, moral não é claramente expressa, porém apóia-se em conhecimentos científicos-médicos e segue uma linha normativa moralizante.
A Sexualidade é concebida como uma função bio-fisiológica e com tal deve ser conhecida.
Principais características:
- Interesse e curiosidade sobre temas sexuais porém revestidos de ansiedade, medo, culpa, ou seja,envolvidos por cargas emotivas altamente significativas.
- Fuga ao tema através de expressões alusivas, sarcasmos e gozações anedóticas.
- Posturas doutorais normativas: ligações, preleções, julgamentos, orientações valorativas e normativas morais
- Mensagem implícita de que a Sexualidade é tema clandestino, delicado, sinistro, vergonhoso, “algo proibido”.
- Não admite a manifestação da Sexualidade. Estabelece normas, inculca princípios sólidos. Aconselha, orienta e dirige. Apela para a saúde, para a religião, para o moral. Sempre sob uma visão negativa da Sexualidade.
Em nome d ciência mantém o esquema proibitivo, favorecendo inclusive a ignorância, ao reduzir a informação ao campo biológico.

MODELO DE EDUCAÇÃO SEXUAL
Há um desejo expresso no que se refere à implantação da Educação Sexual, no entanto, há verdadeiro terror e pânico “por medo do que possa ocorrer”.
Atribui-se ao especialista (geralmente o médico) a realização de conferências informativas técnicas, particularmente do tipo anatômico-fisiológico. Atualmente, por razões óbvias, inclui-se com bastante freqüência o tema AIDS.
A faixa etária a quem mais se dirige essa ação continua sendo a pré-puberdade (8 a 10 anos).
As pessoas tentem procurar solução para os seus problemas, sentem necessidade de Educação Sexual, mas são impedidas por atitudes proibitivas, pois sentem medo e vergonha. Sentem-se inseguras para expressar o que pensam, sentem e fazem em relação à Sexualidade, pois continuam considerando esse tema perigoso, delicado, vergonhoso e difícil, buscando orientação sempre no juízo de valores dos outros.


PSICOLÓGICA
Esta concepção é relevante pois busca o estudo e a compreensão dos processos complexos através dos quais o indivíduo desenvolve seus próprios valores e vai adquirindo sua maturidade pessoal e insiste no processo maturacional, devido ao qual o seu modo de ser, sua personalidade e a inter-relação dinâmica como meio. Nesta base estrutural maturativa insere a Sexualidade.
Considera a Sexualidade como uma pulsão que deve ser necessariamente integrada na personalidade de modo positivo, constituindo-se em um aspecto da afetividade da qual resulta totalmente impregnada.
Fundamenta-se no racionalismo científico, e tem como base os estudos psicanalíticos.
Principais características:
- Reconhece-se, em parte, a importância da Sexualidade.
- Constitui-se uma postura freqüente entre as pessoas “cultivadas”.
- Assume o falso silêncio e neutralidade.
- Aceitam em princípio, a Educação Sexual mas não fazem nada para desenvolvê-la.

MODELO DE EDUCAÇÃO SEXUAL
Atribuem a responsabilidade da Educação Sexual às pessoas vinculadas à educação global da criança, particularmente os pais.
As duas últimas concepções apresentadas, embora reflitam uma certa evolução, não apresentam mudanças reais e desejáveis.



CONCEPÇÕES PERMISSIVAS


A onda de permissividade com relação a Sexualidade, não alterou em fundamento no que se refere à assimilação do valor da Sexualidade Humana, na realidade, houve apenas uma troca de postura do “é proibido para o agora é permitido”. As pessoas que se crêem liberadas pelo fato de que agora podem falar pensar, dizer o que antes era proibido. No entanto, a Sexualidade continua sendo um tabu embora menor, um vício embora menor, uma grosseria que já não escandalizava tanto. Tais comportamentos são caracterizados pela oposição e não pela conscientização: “não se sabe muito bem porque se permitir”, porque “não se deve proibir”. No fundo, continua a mesma concepção de dever, obrigação, norma, ou seja, imposição. Isto significa dizer que, a mudança de atitudes não se verificou do negativo para o positivo. Mas, quando muito do negativo para o menos negativo.


CONTESTÁRIA
Apresenta-se em oposição a moral sexual tradicional. Seus partidários buscam revalorizar a vida sexual, por meio da aquisição de valores e atitudes corretas, novos papéis sexuais e novas pautas de comportamento em oposição ou contra todo o tradicional.
Não há uma concepção clara sobre a Sexualidade Humana. Os partidários desta postura buscam mais descrever o que entendem por Sexualidade positiva, por meio da apresentação do que “deve ser permitido”, do que “não está proibido”, invés de explicar ou conceituar a Sexualidade. E, aqueles que tentam fazê-lo, apresentam quase sempre uma concepção reducionista fisiológica, corpo-orgasmo. Principal teórico: W. Reich
Essa postura origina-se em duas correntes teórico/filosóficas: Orientações Psicanalistas e Princípios Marxistas.
Há uma clara evidência da associação entre a liberação sexual e a liberação política.
O discurso se fundamenta nas contribuições oferecidas pela Psicanálise no campo da Sexualidade Humana e propõe uma revolução transformadora dos costumes sexuais e sociais (práxis marxista) visando as citadas liberações, para o bem da coletividade.
Principais características:
- Romperam a moral tradicional, liberando-se dela através do ativismo político.
- Contribuíram de forma decisiva para a mudança de costumes em matéria sexual.
- Luta reivindicatória para trocar os esquemas antigos por novos.
- Assumem essa postura para seguir a moda, para não ficar para trás.
- Mudam os critérios e princípios anteriores por medo de fazerem o “ridículo”. Por vergonha de não serem chamados “quadrados”. Essas atitudes não caracterizam mudanças reais, mas sim, expressam uma necessidade de aceitação, uma busca de uma nova forma de viver e como as anteriores tão pouco resistem à pressões.
É uma reação por sistema e no fundo, a postura continua a ser dogmática, moral e doutrinária.
Se antes havia a Educação Sexual, agora se tem a Deseducação Sexual.

MODELO DE EDUCAÇÃO SEXUAL
Duas características básicas:
1- Deve ser desenvolvida desde o nascimento.
2- Deve ser promovida por agentes educativos especializados.


CONSUMISTA
Trata-se de uma visão conceitual oriunda da postura anteriormente exposta, que passou a se constituir em um “filão de ouro” dos meios de comunicação social, em seu aspecto publicitário. Sua forma é importante na medida que uso o apelo sexual, erótico para a venda de produtos, no que resulta eficaz, e estabelece a formação de atitudes permissivas sem outras implicações científicas e pedagógicas, o que é no mínimo, irresponsável e manipulador.
Consiste em uma concepção mecanicista, tecnificada e consumista da Sexualidade Humana. Concebe o orgasmo como o deus supremo da Sexualidade e utiliza a mulher como o símbolo erótico associado aos bens de consumo.
Principais características:
- Promove o corpo como máquina do prazer.
- Supervaloriza o orgasmo como centro único da Sexualidade Humana.
- Estabelece o critério de êxito e felicidade sexual com base na quantidade (de orgasmo, evidentemente) em detrimento da qualidade.
- De assexuada a mulher passa a ser objeto de/ símbolo do prazer.

MODELO DE EDUCAÇÃO SEXUAL
Em realidade, não existe um modelo de Educação Sexual, apenas um processo informal de informação sexual.
A concepção de Sexualidade Humana assim como seu respectivo modelo de Educação Sexual não contribui positivamente nem para uma concepção correta (nível conceitual), nem para uma formação conscientizadora de natureza existente (nível educacional), e, consequentemente, nem para uma vivência positiva da Sexualidade Humana (nível vivencial)



CONCEPÇÃO RELACIONAL

A concepção relacional consiste em assumir a Sexualidade Humana como uma dimensão de pessoa, portanto como algo natural, sem “deveres” de proibição e/ou permissão. Reconhecendo que a Sexualidade propicia o prazer, promove a relação e a convivência.
A concepção de Sexualidade fundamenta em princípios:
1- Toda pessoa humana é sexuada. Este é um valor, uma dimensão humana que não tem porque ser discutido ou julgado, e sim admitido.
2- O fato de ser sexuado radica na potencialidade de ser homem ou mulher com as implicações que isto traz consigo.
3- Essa potencialidade deve ser cultivada, ou seja, cultivar-se como homem ou mulher significa potenciar-se como ser sexual masculino ou feminino. E cultivar-se é viver e expressar-se como sexuado.
4- A Sexualidade tem dimensões e funções.
A base teórica fundamental desta postura é a Sexologia, enquanto Ciência Humana que estuda o fato sexual.
No aspecto filosófico podemos encontrar princípios do Personalismo Humanista, na medida que o processo de sexualização é um processo vertical onde, a pessoa vai cultivando sua Sexualidade de forma consciente, autêntica e responsável.
Principais características:
Consiste em viver o fato de ser sexuado com suas implicações, mas como uma dimensão da pessoa humana que vale a pena suscitar, promover e cultivar.
Compreender que a Sexualidade cultivada leva a uma qualidade de vida humanizada e em conseqüência mais equilibrada, agradável e feliz.
Não aceita julgamentos, qualificação ou juízos de valor, procura explorar e descobrir ou redescobrir uma dimensão natural, inerente ao ser humano.
Procura, cada vez mais, estudar, conhecer, explicar em que consiste a dinâmica e os processos da Sexualidade Humana, objetivando potenciar o ser humano enquanto ser sexuado. Ou seja, opta pelo conhecimento ao invés do julgamento e da norma.
Assume o corpo como parte da unidade pessoa, reavaliando as sensações provenientes do mesmo como meio positivo de relação e comunicação.

MODELO DE EDUCAÇÃO SEXUAL
· Reconhecer a importância e necessidade imprescindível da Educação Sexual, considerando que essa dimensão do indivíduo, como qualquer outra, deve ser estudada, conhecida, assimilada, integrada e bem vivida.
· Inicia-se com o nascimento e prolonga-se por toda vida, acompanhando e adequando-se ao processo de desenvolvimento individual.
· É da responsabilidade de todas as instâncias implicações na Educação Global do indivíduo, particularmente e a escola e a família.
· Além de transmitir a informação rigorosamente científica, sobretudo fomente atitudes positivas em relação a uma dimensão (sexual) que é constitutiva do ser, e que, portanto, é necessariamente vivida. O que, possibilita comportamentos baseados no respeito a si próprio e ao outro, na responsabilidade pela conduta sexual e na capacidade de realizar escolhas livres, conscientes e autênticas.
· Compreende que a Educação Sexual, se não a única, é a principal forma de possibilitar uma mudança de atitudes: da proibição e permissividade para aquela desejável de cultivo.



Fonte: Material ISOF – Jeruza Maria Figueirêdo Neto – PhD

O papel da família no processo de construção da sexualidade


Muitas vezes, os problemas ou dificuldades de ordem sexual são construídos, desencadeados, mantidos ou, pelo menos, sofrem grande influência da educação sexual (valores, conceitos, regras e princípios morais frente ao sexo) recebida na família de origem.

Sabemos que a falta de informação, o preconceito, a imagem negativa do sexo e os conceitos distorcidos acerca de sexualidade, por fazerem parte da cultura, atingem direta ou indiretamente cada um de nós. Portanto, a educação sexual transmitida e recebida na família, de geração para geração, é "contaminada" por grande parte destes fatores, o que costuma trazer sérias conseqüências para o comportamento e vida sexuais de seus membros.

A família que ama, que acolhe e que cuida é a mesma que reprime e pune manifestações sexuais e que prega o sexo como algo ameaçador e proibido. Como não acreditar nisso, se são regras e conceitos transmitidos por pessoas tão significativas para nossa vida (avós, pais, tios)?

Estas mensagens "repressoras" veiculam-se de diferentes formas:

• Pela linguagem verbal: é muito comum o conteúdo proibitivo na fala dos pais. Por exemplo: "sexo é errado, não deve ser feito por pessoas direitas", ou, "quem faz sexo é desrespeitado e denigre a própria imagem".

• Pela linguagem não verbal - mensagens ambíguas que ficam subentendidas (por um olhar de reprovação, por exemplo), como: "não quero que você namore"; "você não devia pensar nestas coisas..."; "o que você estava fazendo com seu namorado?"; "tome muito cuidado!"; "não vá fazer bobagem!".

• Proibições, castigos ou punições - quando, por exemplo, os pais impedem passeios e viagens com o(a) namorado(a) ou ameaçam com frases do tipo: "se eu te pegar de novo com aquele(a) menino(a)... nem sei do que sou capaz!".

Estes são apenas alguns exemplos possíveis de como a "educação sexual", muitas vezes, vem ocorrendo nos mais diferentes contextos familiares. Um outro modelo muito comum de "educação sexual" é o relacionado à omissão.

Ou seja, em muitas famílias, não se fala de sexo, este parece não existir ou não fazer parte da condição humana.

Sofrendo a influência destes modelos, muitas pessoas vão absorvendo mensagens diretamente relacionadas ao sexo, como algo prejudicial, ameaçador e que traz sofrimento. Temos aí, a "raiz" (origem) de grande parte dos problemas sexuais que acometem as pessoas. Como tais pessoas podem se permitir uma vida sexual tranqüila, sadia e prazerosa?

É necessário que, cada um de nós se distancie destes modelos prejudiciais, para que possamos criar nosso próprio modelo, pautado em valores e conceitos que favoreçam a aquisição de prazer e responsabilidade na vida sexual.

O modelo ideal de educação sexual não deve ser rígido, estagnado, direcionado e/ou autoritário. Deve, sim, respeitar as etapas de desenvolvimento do ser humano, entendendo o sexo como algo inerente a este processo e contribuir para a construção de uma vida sexual saudável e sem "vítimas".




A curiosidade infantil e a descoberta da sexualidade


Há um número significativo de pais que solicitam orientação sobre como agir com seus filhos quando se percebem diante das primeiras manifestações sexuais infantis ou quando são pegos de surpresa com questionamentos sobre sexualidade. Muitos ficam angustiados, confusos e encabulados diante daquelas "célebres" perguntas sobre sexo.
Podemos pensar que este desconforto dos pais ocorre, na maioria das vezes, porque eles próprios possuem inúmeras dificuldades para se expressar quando o assunto é sexualidade, o que pode ser compreendido pelo fato de terem apreendido valores e regras morais e sociais que, muitas vezes, refletem tabus e preconceitos frente ao sexo. Além disso, muitos, também não tiveram oportunidade de esclarecimento e orientação sexual adequada na fase de desenvolvimento, portanto, não sabem o que responder e qual a melhor informação a ser dada. Porém, nunca é tarde para ir em busca de informação e conhecimento.
O importante é ser honesto, não mentir para a criança ou contar aquelas famosas histórias fantasiosas, como a da "cegonha", da "sementinha", etc. Respeitando a idade e a capacidade de compreensão da criança, o ideal é que - numa linguagem simples, objetiva e clara - os pais falem exatamente "o que" acontece e "como" acontece, procurando responder somente aquilo que a criança perguntou e não antecipando informações desnecessárias no momento.
De maneira geral, uma das primeiras perguntas que surge no contexto da curiosidade sexual, por volta dos 4 ou 5 anos, diz respeito à reprodução humana. "Como eu nasci?", "Como nascem os bebês?", são as perguntas mais comumente feitas. Quando a criança chega com estes questionamentos, de certa forma, já tem uma parcela da resposta. Desta feita, é interessante que os pais iniciem a explicação a partir do conhecimento que a criança já traz, procurando completar ou corrigir as informações. Não se deve protelar o assunto ou reprimir o interesse, com comentários do tipo: "Isto não é assunto de criança!". O mais saudável é esclarecer e atender à curiosidade, evitando com isso, a aquisição de informações muitas vezes errôneas e distorcidas, vindas de fontes nem sempre confiáveis!.
Com relação às manifestações sexuais, grande parte dos pais fica horrorizada ao flagrarem seus filhos tocando os órgãos genitais ou manipulando suas próprias fezes e acabam recorrendo a punições e repressões severas. Tais atitudes são prejudiciais e podem acarretar situações conflitivas no âmbito sexual.
O ideal é que os pais compreendam que tais manifestações sexuais são esperadas em algumas etapas do desenvolvimento e fazem parte do interesse da criança em descobrir o mundo e seu próprio corpo.
Vale retomar, então, que a punição e a repressão severas são prejudiciais e devem ser substituídas por conversas francas e por atitudes que busquem desviar a atenção da criança para outros estímulos e atividades, de forma a não comprometer o desenvolvimento e a criatividade infantil. Por exemplo: o manipular das fezes pode ser substituído por brincar com massinhas, argila ou tinta.
A repressão e / ou punição podem fazer com que ocorra um "afastamento" da criança de seus órgãos genitais, por associar as idéias de "sujo, nojento, feio e proibido" aos mesmos. Tais crenças podem perdurar ao longo da vida, influenciar e até comprometer a qualidade de vida sexual futura.
Enfim, é prejudicial para o desenvolvimento psicológico e sexual, a repressão da curiosidade sexual infantil e a transmissão de informações fantasiosas ou mentirosas sobre a sexualidade.

Para Freud, a sexualidade se inicia antes mesmo do nascimento, na vida intra-uterina



A sexualidade humana é determinada por uma evolução que se dá através de regiões do corpo (conhecidas como zonas erógenas) e da relação que a criança estabelece com essas regiões, "zonas" geradoras de prazer. Não necessariamente elas são áreas genitais.

Freud dividiu a evolução da sexualidade em dois grandes momentos: as fases pré-genitais e a fase genital.

Durante as fases pré-genitais, o prazer da criança está concentrado em regiões distintas do corpo. A fase oral é a primeira no desenvolvimento pré-genital da sexualidade. Nesse momento da vida, o prazer da criança se concentra na boca e nos atos de sugar e morder. Ocorre desde a vida intra-uterina até cerca de dois anos de idade.

A segunda é a fase anal que se inicia logo após o nascimento e ganha importância máxima à época do desmame (em torno do 18° - 24° mês). Prolonga-se até aproximadamente o terceiro ano de vida. Nesta fase, o prazer da criança está centrado na região anal, ou seja, na contenção e na expulsão das fezes.

A terceira e última fase do desenvolvimento pré-genital da sexualidade é a fase fálica, que ocorre dos 3 aos 5 anos de idade. É comum nesta etapa a criança manipular os próprios genitais, pois já reconhece essa região como uma área geradora de prazer.

Dos 6 aos 10 anos de idade, a criança encontra-se no chamado período de latência: está bastante interessada em aprender novas atividades, em fazer amigos, ir à escola, etc. É como se ela "se esquecesse" um pouco dessas zonas erógenas, mas sem abandoná-las. Sua sexualidade não está ausente, mas sofre poucas modificações neste período. Mantém os elementos que conquistou, ou seja: o prazer oral, o prazer anal e o prazer da masturbação genital.

Com as modificações hormonais que ocorrem no início da puberdade e o aparecimento dos caracteres sexuais secundários (seios, formas arredondadas e menstruação nas meninas; pêlos, polução noturna e voz mais grave nos meninos, por exemplo), a sexualidade volta a se concentrar na região genital, propriamente dita. Nesta etapa, chamada fase genital, o adolescente passa a eleger seu "objeto sexual" (um menino, uma menina ou ambos) e começa a estabelecer vínculo com esse objeto. Tal vínculo sofre influência de características da sua própria personalidade e das relações que esse adolescente estabeleceu ao longo de sua vida com seus pais, seus irmãos e pessoas próximas.

É na adolescência que começam as definições e as dificuldades sexuais até a completa estruturação do seu papel sexual, o qual levará à busca do prazer e ao encontro com o parceiro ou a parceira.