Muitas vezes, os problemas ou dificuldades de ordem sexual são construídos, desencadeados, mantidos ou, pelo menos, sofrem grande influência da educação sexual (valores, conceitos, regras e princípios morais frente ao sexo) recebida na família de origem.
Sabemos que a falta de informação, o preconceito, a imagem negativa do sexo e os conceitos distorcidos acerca de sexualidade, por fazerem parte da cultura, atingem direta ou indiretamente cada um de nós. Portanto, a educação sexual transmitida e recebida na família, de geração para geração, é "contaminada" por grande parte destes fatores, o que costuma trazer sérias conseqüências para o comportamento e vida sexuais de seus membros.
A família que ama, que acolhe e que cuida é a mesma que reprime e pune manifestações sexuais e que prega o sexo como algo ameaçador e proibido. Como não acreditar nisso, se são regras e conceitos transmitidos por pessoas tão significativas para nossa vida (avós, pais, tios)?
Estas mensagens "repressoras" veiculam-se de diferentes formas:
• Pela linguagem verbal: é muito comum o conteúdo proibitivo na fala dos pais. Por exemplo: "sexo é errado, não deve ser feito por pessoas direitas", ou, "quem faz sexo é desrespeitado e denigre a própria imagem".
• Pela linguagem não verbal - mensagens ambíguas que ficam subentendidas (por um olhar de reprovação, por exemplo), como: "não quero que você namore"; "você não devia pensar nestas coisas..."; "o que você estava fazendo com seu namorado?"; "tome muito cuidado!"; "não vá fazer bobagem!".
• Proibições, castigos ou punições - quando, por exemplo, os pais impedem passeios e viagens com o(a) namorado(a) ou ameaçam com frases do tipo: "se eu te pegar de novo com aquele(a) menino(a)... nem sei do que sou capaz!".
Estes são apenas alguns exemplos possíveis de como a "educação sexual", muitas vezes, vem ocorrendo nos mais diferentes contextos familiares. Um outro modelo muito comum de "educação sexual" é o relacionado à omissão.
Ou seja, em muitas famílias, não se fala de sexo, este parece não existir ou não fazer parte da condição humana.
Sofrendo a influência destes modelos, muitas pessoas vão absorvendo mensagens diretamente relacionadas ao sexo, como algo prejudicial, ameaçador e que traz sofrimento. Temos aí, a "raiz" (origem) de grande parte dos problemas sexuais que acometem as pessoas. Como tais pessoas podem se permitir uma vida sexual tranqüila, sadia e prazerosa?
É necessário que, cada um de nós se distancie destes modelos prejudiciais, para que possamos criar nosso próprio modelo, pautado em valores e conceitos que favoreçam a aquisição de prazer e responsabilidade na vida sexual.
O modelo ideal de educação sexual não deve ser rígido, estagnado, direcionado e/ou autoritário. Deve, sim, respeitar as etapas de desenvolvimento do ser humano, entendendo o sexo como algo inerente a este processo e contribuir para a construção de uma vida sexual saudável e sem "vítimas".
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